Como
aluno da Escola Comercial Rodrigues Sampaio, em Lisboa, foi autor de vários
textos para programas policiários na emissora do Liceu de Pedro Nunes,
a pedido de alguns estudantes seus amigos.. Isto ocorreu aos 15 anos de idade.
Aos 18 fez a sua estreia aos microfones do extinto Radio Peninsular, em Lisboa,
emparceirando com um profissional que, anos mais tarde, foi bem importante:
Henrique Mendes.
Colaborou, depois quase sempre como produtor e realizador, em todas as emissoras
da Grande Lisboa: Radio Peninsular, Voz de Lisboa, Rádio Graça,
Clube Radiofónico de Portugal e Rádio Restauração.
No Clube Radiofónico de Portugal realizou e apresentou alguns
programas que, na época, tiveram bastante sucesso, como foram os casos
de "Alfinetadas", "Gazeta policial", "Satisfaça
o seu desejo".
Em 1956 a Rádio Renascença convidou-o para colaborar, dado que,
na altura, a estação só tinha dois funcionários
ao microfone: Dora Maria e Henrique Mendes.
Manteve-se na emissora católica até 1960, tendo realizado, apresentado
e colaborado em programas importantes: "Pátio das canções",
"Programa Alvo", "A 23a hora", "Coisas que a noite
traz" e tantos outros .
Em 1959 a extinta Emissora Nacional convidou-o para realizar o seu programa
da manha das quartas-feiras, por um período de seis meses. O contrato
prolongou-se por seis anos.
Em 1958 realizou na Rádio Renascença a emissão que foi
consderada a "grande pedrada no charco": "A
invasão dos marcianos", baseada no romance de Herbert George
Wells, "A guerra dos mundos".
A emissão foi interrompida pela PSP, foi levado, sob escolta, para o
Governo Civil onde esteve preso, numa cela, cerca de três horas. Uma semana
depois foi interrogado pelo inspector Ferreira da Costa, da ex-PIDE.
Em 1960 foi convidado a ingressar nos quadros do ex-Radio Clube Protuguês
e, a partir daí, passou a ser profissional a tempo inteiro .
Independentemente das suas funções de Coordenador Geral da estação,
também realizou programas que fizeram historia, nomeadamente: "Quando
o telefone toca", "Bossa nova", "Lisboa e o Tejo",
"No mundo aconteceu", "Bom dia, manha!", "Clube à
gô-gô", "Meia noite",
"Sintonia 63", "Discoteca", "Hoje convidamos",
"Mistério e fantasia".
Adaptou, dirigiu e realizou dois folhetins, baseados nos romances "A queda
de um anjo", de Camilo Castelo Branco e "Quando os lobos uivam",
de Aquilino Ribeiro. Foi a primeira adaptação para radio de uma
obra deste grande escritor.
Em 1966 tirou um curso geral de realização na BBC; em 1976 idêntico
curso na RDP e em 1982 um curso-geral de monitor, igualmente na RDP.
Em 1968 foi premiado, em Espanha, pela Cadena SER com o "Prémio
Ondas", pelo seu programa "Lisboa e o Tejo".
De 1976 a 1979 dirigiu dois canais da RDP: "Programa 3-Local" (frequência
dos extintos Emissores Associados de Lisboa) e "Programa 3-Regional"
(onda média do extinto Radio Clube Português).
Em 1980 participou na construção da Radio Comercial, onde foi
chefe dos Departamentos de Produção, dos Emissores Regionais,
passando, depois, a Assessor.
Produziu e realizou várias emissões com interesse, com destaque
para "Antigamente era assim...", "As palavras e a música",
"Quando o telefone toca", "Quando os cientistas sonham"
(remake alterado de "A invasão dos marcianos"), "Um naufrágio
no Sara" (outra emissão
fantasiosa), "Homenagem a Lisboa", "A grande guerra do próximo
século" (Prémio Radio do Leite Gresso) e, durante 13 anos,
uma emissão semanal, aos sábados entre as 7.00 e as 10.00 intitulada
"Matinal", que passou para o título "Isto é..."
quando a emissão foi reduzida
para 8.00/10.00.
Aí tratou temas tão diversos e variados, como, as centrais nucleares,
o sexo, os computadores, a memória, e muitos outros.
Também apresentou uma série de entrevistas a figuras do domínio
publico, com depoimentos, perguntas e questões de familiares e/ou amigos
com quem os entrevistados não tinham contacto ha longo tempo.
Também em "Isto é..." levou personalidades dos mais
variados sectores a assumirem o papel de realizadores de radio, dando-lhes 30
minutos de emissão para criarem o que entendessem.
Em 1991 obteve um Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores pelo seu
trabalho em teatro radiofónico, tendo adaptado e dirigido, na Radio Comercial,
folhetins baseados nos romances "A cidade e as serras", de Eça
de Queirós; "A escola do paraíso", de José Rodrigues
Migueis; "Seara de vento", de Manuel da Fonseca e "Mau tempo
no canal", de Vitorino Nemésio.
Foi Director da Sociedade Portuguesa de Autores, membro da sua Comissão
da Radio e dinamizador e coordenador de uma série de Colóquios
sobre Radio, realizados entre 1993 e 1994 e que reuniu os principais responsáveis
e profissionais da radiodifusão portuguesa.
Foi, ainda, o coordenador responsável e um dos realizadores do programa
radiofónico semanal "Autores" magazine sonoro das actividades
da Sociedade Portuguesa de Autores.
Publicou, até agora, três livros: "Aqui, emissora da liberdade"
, relato pormenorizado da ocupação do ex Rádio Clube Português
pêlos militares e sua transformação no posto de comando
do MFA; "Telefonia", historial da rádio em Portugal, seus profissionais,
casos,
estorias e programas e "A invasão dos marcianos + 3 fantasias radiofónicas",
que são os guiões completos de quatro emissões de teatro
radiofónico.
É autor de letras para canção e fados, alguns gravados
em Disco por conhecidos artistas: Agostinho dos Santos, Lídia Ribeiro,
Tristão da Silva, Lucília do Carmo e outros.
Em Abril de 1999 foi publicada a 2a. edição do livro "Aqui
emissora da liberdade", com a chancela da Editorial Caminho.
A primeira, edição de "Aqui emissora da liberdade" bem
como da obra "Te-
lefonia" encontram-se esgotadas.
Em 1998, 1999 e 2000 escreveu, dirigiu e encenou 3 revistas populares para o
Grupo de Teatro Amador de Quarteira (Algarve).
Em Novembro de 2001 publicou um novo livro: "Uma página, página
e meia". Contos curtos com finais imprevistos, inusitados, esotéricos,
humorísticos, etc.
De Matos Maia em exclusivo para o CR
Matos Maia ao Microfone do RCP
Matos
Maia, passa a ocupar mais um cantinho no céu, deixa-nos aos 73 anos e
passa a brilhar junto com outras estrelas.
Obrigado Matos Maia e até sempre. 5 Março 2005